Por: Lucíola Gonçalves (Voluntária Gestar)
Original em Vila Mamífera
Você sabe o que é pré-eclampsia? Bom, eu não sabia até passar por ela, na minha 32ª semana de gestação.
A pré-eclampsia tem como sintomas a hipertensão, a proteinúria (presença de proteína na urina), o edema ou retenção de líquidos e acomete em média 10% das grávidas na segunda metade da gestação, mais ou menos após a 20ª semana. Isso tudo pode prejudicar o funcionamento da placenta e, assim, afetar a passagem de nutrientes para o bebê e, por tudo isso, caracteriza uma gravidez de risco.
Minha primeira pergunta depois do diagnóstico: e agora, quais as minhas reais chances de ter o meu tão sonhado parto natural? Minha obstetra, Dra. R., que prima pelos partos naturais, tendo uma média super baixa de cesarianas, foi bem sincera:
- Suas chances são 60% pelo parto natural e 40% pela cirurgia cesariana. Isso porque EU sou sua médica, se fosse outro já teria marcado a cirurgia.
- E como faço para transformar esses 60% em 100%?
- Bom você terá que seguir algumas indicações, mas nada garante que você terá o parto do jeito que quer.
Pensei: “Eu garanto…hehehe”.
E assim foi. Diariamente tinha que me deitar do lado esquerdo e contar os movimentos do bebê, que deveriam ser de no mínimo 7 em 1 hora, ficar de repouso com os pés para cima, não me preocupar/estressar com as coisas, medir a pressão pela manhã e pela tarde, tomar remédio para controlar a mesma. E semanalmente tinha que fazer exames de sangue e de urina, cardiotocografia e ultrassom e passar em consulta com a Dra. R. Por quase dois meses tive que seguir esses rituais.
Todo esse “protocolo” só fazia crescer dentro de mim a certeza de que meu parto seria da maneira que eu havia escolhido.
Com 38 semanas e 1 dia tive minha consulta semanal de rotina à tarde e, ao me examinar, a Dra. R. fala:
- Sua bolsa já estourou e você está com 3 centímetros de dilatação.
- Bolsa estourou, como que eu nem vi?
- Ué você está em trabalho de parto. Vai pra casa, toma um banho come algo e vai para a Clínica, pois o bebê vai nascer!
E lá fui eu bem obediente, fiz tudo que ela disse. Ao chegar à Clínica fui encaminhada ao quarto e, por volta das 20h, a Dra. R. apareceu, me examinou, 4cm, foi para casa tomar banho e comer e disse que voltava em pouco tempo. Minha irmã, que foi minha doula, achava que o TP ia demorar e também foi para casa. Lá pelas 22h volta a médica e me examina, 7cm:
- Vamos subir para a sala de parto, liga para a sua irmã voltar para cá que o TP está andando rápido.
Durante todo o tempo minha pressão estava sendo monitorada constantemente e os batimentos do bebê idem. Cheguei a ficar com 17X10 na pressão.
Ainda assim o TP foi evoluindo bem e, às 2h57 do dia 01/05/2009, nasceu meu lindo filho José, de cócoras, sem analgesia, episiotomia, e eteceteras e tal.
Acredito que o trabalho da médica foi essencial para o sucesso do meu parto, pois o acompanhamento pré-natal é de suma importância em qualquer gravidez, e ainda mais em uma gravidez de risco como a minha.
Sei que o tema é polêmico, mas estou aqui para contar minha história e afirmar que se você tem uma boa orientação médica – de preferência com um profissional que apóie verdadeiramente o parto natural – muito cuidado e monitoramento é possível sim ter um parto natural e tranqüilo mesmo passando por uma pré-eclampsia.
Acima de tudo, eu nunca duvidei que o meu parto seria do MEU jeito, natural e respeitoso para comigo e para com o meu bebê, e acho que essa confiança também foi muito importante para que as coisas tenham se desenrolado da maneira como descrevi.
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